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Depressão na Adolescência

  • Foto do escritor: anabelacunhapsi
    anabelacunhapsi
  • 19 de jul. de 2023
  • 3 min de leitura

Atualizado: 1 de set. de 2023


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A adolescência é uma fase de transição entre a infância e a vida adulta. É um período de amadurecimento físico, cognitivo e psicológico, que tem como função preparar o jovem para encarar os desafios da vida adulta. Representa um período de contínuas e profundas transformações, tanto no nível psíquico quanto no físico e social.

O sujeito, ao entrar na adolescência, passa a residir num novo corpo, que clama por uma nova identidade e que marca a sua passagem da esfera familiar à esfera social. Todas estas mudanças e transformações geram um intenso sofrimento, pois acarretam a perda da imagem infantil, a perda dos pais idealizados da infância e da identidade infantil. É esperado que haja um rompimento com o passado e um “desligamento” dos pais, para que seja possível haver um investimento no futuro e a realização de novas escolhas. Isso irá permitir a construção de uma nova imagem de si mesmo e de uma nova identidade. Por isso a adolescência é um período marcadamente confuso e gerador de conflitos internos. Existem perdas que têm de ser elaboradas e isso requer tempo.

É normal e esperado que existam muitos sentimentos e emoções envolvidas. Uma delas é a tristeza. Mas é preciso fazer a distinção entre tristeza e depressão. A tristeza é a emoção normal associada à perda de algo que é querido, enquanto a depressão se refere a uma condição prolongada que atinge vários aspetos da personalidade, nomeadamente a autoestima. O que irá ditar se um jovem poderá vir a desenvolver uma depressão, são as questões estruturais da sua personalidade e, sobretudo, as condições do desenvolvimento evolutivo da primeira infância. A adolescência pode-se tornar traumática ou patológica se o sujeito não conseguir encontrar dentro de si recursos e representações que sustentem as novas experiências internas nem ligar os afetos que essas experiências suscitam. Esses recursos e representações são criados na primeira infância, na relação de vinculação com a figura materna. Vários estudos apontam para a relação entre uma vinculação insegura ou ambivalente na primeira infância e a existência de depressão na adolescência.

A adolescência traz à tona a experiência das relações primárias, ou seja, o adolescente procura igualmente o olhar materno e agora também o olhar da sociedade, buscando um contorno para os seus sentimentos e a estrutura para o seu sistema de representações. Se essa relação primária foi insegura, é esse padrão que o sujeito vai continuar a repetir. Gera-se uma ambivalência que o sujeito pode não ser capaz de tolerar. Por um lado, a necessidade de separação/individuação, para se diferenciar dos pais, que é necessária para que o indivíduo consiga construir a sua identidade e conquistar a sua autonomia e, por outro lado, uma necessidade patológica de se manter “agarrado” a estes pais, que não foram capazes de criar uma base segura e o sujeito não é capaz de tolerar a separação e ir à descoberta do mundo. Normalmente fecha-se dentro dele próprio e surge a depressão.

A depressão na adolescência requer uma atenção específica devido às caraterísticas particulares desta fase. Nem sempre é fácil conseguir distinguir entre os conflitos próprios e esperados da idade e a patologia propriamente dita. Assim, é fundamental que pais, professores, educadores e outras figuras de referência dos adolescentes estejam atentos a possíveis sinais de alerta. A sintomatologia depressiva na adolescência pode variar de acordo com a idade, sendo necessário ter em atenção as diferentes fases do desenvolvimento. Muitas vezes, a depressão pode vir mascarada de outros problemas, nomeadamente problemas de comportamento.
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Os principais sintomas e sinais de alerta são:
- Irritabilidade
- Instabilidade
- Humor deprimido
- Perda de energia
- Desmotivação e desinteresse
- Agitação ou lentificação motora
- Queixas somáticas (dores de cabeça, no estômago)
- Sentimentos de desesperança
- Sentimentos de culpa ou autocrítica
- Alterações do sono (insónia ou hipersonia)
- Alterações do apetite
- Isolamento
- Baixa autoestima
- Pensamentos frequentes sobre a morte
- Ideação suicida
- Automutilação (cortes, queimaduras)
- Problemas antissociais
- Agressividade
- Alterações no rendimento escolar
- Aparência física descuidada
- Hipersensibilidade à rejeição

Cabe-nos a nós enquanto sociedade estarmos atentos a estes sinais e pedir ajuda.


“A adolescência é um segundo parto: nascer da família para andar sozinho na sociedade.”
Içami Tiba



Se és jovem e estás a passar por uma situação grave que não consegues resolver sozinho ou sentes que não tens apoio de ninguém, estou aqui para te ajudar! Não estás sozinho/a!


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Anabela Cunha

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