A Fobia Social
- anabelacunhapsi

- 26 de jan.
- 2 min de leitura

A fobia social, segundo a perspetiva da psicanálise relacional, é compreendida como um fenómeno que emerge a partir de dinâmicas interpessoais e contextos relacionais, especialmente na infância e adolescência. Este modelo dá ênfase às interações iniciais entre o indivíduo e os cuidadores, bem como às experiências subsequentes de desenvolvimento.
Origens da Fobia Social à Luz da Psicanálise Relacional:
Experiências precoces de vergonha e crítica
A fobia social pode estar enraizada em experiências infantis em que a criança se sentiu excessivamente exposta, humilhada ou rejeitada por figuras significativas (pais, professores, pares).
Quando os cuidadores ou o ambiente não proporcionam um espaço seguro para a criança expressar emoções, esta pode desenvolver um sentido exacerbado de vulnerabilidade ao julgamento dos outros.
Intersubjetividade e regulação emocional
A psicanálise relacional enfatiza a intersubjetividade, ou seja, a co-construção da subjetividade entre o indivíduo e os outros. Se o ambiente relacional não conseguir regular adequadamente emoções como ansiedade ou vergonha, a criança pode desenvolver padrões de resposta que evitam situações de interação social.
Por exemplo, uma falta de validação emocional ou uma interação excessivamente crítica podem levar ao medo de falhar em contextos sociais.
O papel do self e da imagem de si
A construção de uma imagem de si (self) está profundamente ligada ao feedback recebido dos outros. Se a criança percebe os outros como críticos ou rejeitadores, pode interiorizar uma visão de si como inadequada ou insuficiente.
Esta autoimagem fragilizada leva ao medo constante de avaliação negativa, que é central na fobia social.
Trauma relacional e ruturas no vínculo
Experiências de rejeição, bullying ou abandono podem criar feridas emocionais que perpetuam um padrão de evitamento social.
Na visão relacional, estas feridas não são apenas internas, mas também refletem a incapacidade do ambiente relacional de reparar essas experiências.
Dinâmica entre a autonomia e a dependência
A psicanálise relacional considera que existe tensão entre a necessidade de conexão e a autonomia. Indivíduos com fobia social frequentemente vivem esta tensão de forma conflituosa: desejam aceitação, mas temem profundamente a exposição, que sentem como um risco de rejeição.
Narrativas internas e co-construção da realidade
A forma como o indivíduo interpreta as suas interações sociais (narrativas internas) é moldada pelas relações anteriores. Por exemplo, um padrão relacional em que o indivíduo se sente constantemente julgado pode tornar-se uma expectativa generalizada de rejeição.
Intervenção na Perspetiva Relacional
A psicanálise relacional busca transformar os padrões interpessoais disfuncionais através da relação terapêutica. A terapia cria um espaço seguro onde o paciente pode explorar as suas ansiedades sociais sem medo de julgamento. Através da interação com o terapeuta, as narrativas internas podem ser ressignificadas, e o paciente pode experimentar novas formas de se relacionar.
Em suma, na psicanálise relacional, a fobia social não é vista apenas como um problema intrapsíquico, mas como uma expressão de padrões relacionais e feridas emocionais que se desenvolveram no contexto das interações interpessoais. A cura passa pela reconstrução dessas dinâmicas em direção a relações mais seguras e autênticas.








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