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A Fobia Social

  • Foto do escritor: anabelacunhapsi
    anabelacunhapsi
  • 26 de jan.
  • 2 min de leitura

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A fobia social, segundo a perspetiva da psicanálise relacional, é compreendida como um fenómeno que emerge a partir de dinâmicas interpessoais e contextos relacionais, especialmente na infância e adolescência. Este modelo dá ênfase às interações iniciais entre o indivíduo e os cuidadores, bem como às experiências subsequentes de desenvolvimento.




Origens da Fobia Social à Luz da Psicanálise Relacional:


  1. Experiências precoces de vergonha e crítica

    • A fobia social pode estar enraizada em experiências infantis em que a criança se sentiu excessivamente exposta, humilhada ou rejeitada por figuras significativas (pais, professores, pares).

    • Quando os cuidadores ou o ambiente não proporcionam um espaço seguro para a criança expressar emoções, esta pode desenvolver um sentido exacerbado de vulnerabilidade ao julgamento dos outros.


  2. Intersubjetividade e regulação emocional

    • A psicanálise relacional enfatiza a intersubjetividade, ou seja, a co-construção da subjetividade entre o indivíduo e os outros. Se o ambiente relacional não conseguir regular adequadamente emoções como ansiedade ou vergonha, a criança pode desenvolver padrões de resposta que evitam situações de interação social.

    • Por exemplo, uma falta de validação emocional ou uma interação excessivamente crítica podem levar ao medo de falhar em contextos sociais.


  3. O papel do self e da imagem de si

    • A construção de uma imagem de si (self) está profundamente ligada ao feedback recebido dos outros. Se a criança percebe os outros como críticos ou rejeitadores, pode interiorizar uma visão de si como inadequada ou insuficiente.

    • Esta autoimagem fragilizada leva ao medo constante de avaliação negativa, que é central na fobia social.


  4. Trauma relacional e ruturas no vínculo

    • Experiências de rejeição, bullying ou abandono podem criar feridas emocionais que perpetuam um padrão de evitamento social.

    • Na visão relacional, estas feridas não são apenas internas, mas também refletem a incapacidade do ambiente relacional de reparar essas experiências.


  5. Dinâmica entre a autonomia e a dependência

    • A psicanálise relacional considera que existe tensão entre a necessidade de conexão e a autonomia. Indivíduos com fobia social frequentemente vivem esta tensão de forma conflituosa: desejam aceitação, mas temem profundamente a exposição, que sentem como um risco de rejeição.


  6. Narrativas internas e co-construção da realidade

    • A forma como o indivíduo interpreta as suas interações sociais (narrativas internas) é moldada pelas relações anteriores. Por exemplo, um padrão relacional em que o indivíduo se sente constantemente julgado pode tornar-se uma expectativa generalizada de rejeição.


Intervenção na Perspetiva Relacional

A psicanálise relacional busca transformar os padrões interpessoais disfuncionais através da relação terapêutica. A terapia cria um espaço seguro onde o paciente pode explorar as suas ansiedades sociais sem medo de julgamento. Através da interação com o terapeuta, as narrativas internas podem ser ressignificadas, e o paciente pode experimentar novas formas de se relacionar.


Em suma, na psicanálise relacional, a fobia social não é vista apenas como um problema intrapsíquico, mas como uma expressão de padrões relacionais e feridas emocionais que se desenvolveram no contexto das interações interpessoais. A cura passa pela reconstrução dessas dinâmicas em direção a relações mais seguras e autênticas.

 
 
 

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Anabela Cunha

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