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Gravidez e saúde mental

  • Foto do escritor: anabelacunhapsi
    anabelacunhapsi
  • 24 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura



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A gravidez, culturalmente, é vista como um “estado de graça”. Existe uma tendência para romantizar e idealizar esta etapa da vida da mulher, dificultando a expressão de emoções negativas e procura de ajuda, o que pode contribuir para o aumento de problemas de saúde mental.

Uma gravidez, por mais que seja desejada e planeada, envolve um vasto conjunto de alterações físicas, emocionais e sociais. Começa muito antes da mulher descobrir o tão aguardado teste positivo. A maternidade começa lá atrás na infância, nas brincadeiras do jogo simbólico com as bonecas e na forma como foram cuidadas e amadas pelos pais. Essas experiências irão ditar a forma como a mulher irá viver a gravidez e a maternidade. A sua história de vida e a sua saúde mental irão interferir de forma significativa na forma como irão lidar com as mudanças que irão ocorrer no seu corpo, na sua mente, na relação com o bebé, na relação de casal, no trabalho e nas relações sociais.


A partir do momento em que a mulher descobre que está grávida, surge um turbilhão de emoções e de dúvidas…será que estou preparada? Será que serei capaz? Será que está tudo bem? Como será o parto? E se eu não conseguir amamentar? Como ficará a relação com o meu companheiro? Será que irei conseguir conciliar com o trabalho? Terei tempo para cuidar de mim?


As expectativas em relação à gravidez e ao bebé começam a surgir e trazem consigo felicidade, entusiasmo, curiosidade, mas também podem trazer medo, angústia, frustração, tristeza e solidão. Cada gravidez (até na mesma mulher!) é uma experiência única e será vivida de forma subjetiva. A gravidez pode provocar elevados níveis de ansiedade, relacionados com preocupações sobre o bem-estar do feto e sobre o próprio bem-estar da mulher. As alterações biológicas e não biológicas que ocorrem nesta fase, contribuem para uma maior vulnerabilidade psicológica. Se, para além disso, existirem problemas de saúde mental prévios à gravidez, o risco de vir a sofrer de algum problema mental na gravidez ou no pós-parto, é maior.

 

Fatores de risco para a saúde mental e bem-estar da grávida/puérpera:

·        Existência de doença mental prévia

·        Falta de suporte social

·        Baixa condição social

·        Gravidez de risco

·        Gravidez não desejada

·        História de abuso sexual

·        Conflitos com o/a parceiro/a

·        Stress durante a gravidez

·        Divórcio

·        Luto

·        Má relação com a própria mãe

·        Falta de autoconfiança

·        Desemprego ou instabilidade no trabalho

·        Consumo de substâncias

·        Parto complicado

·        Temperamento do bebé

 

Fatores de proteção e de promoção da saúde mental e bem-estar da grávida/puérpera:

·        Identificação precoce dos fatores de risco

·        Rede de suporte social

·        Aulas de preparação para o parto e/ou cursos de parentalidade

·        Envolvimento do pai e outros familiares na vigilância da gravidez e nos cuidados pós-parto, à mãe e à criança

·        Melhorar a comunicação entre casal com partilha de dúvidas e de expectativas

·        Realização de visitas domiciliárias de profissionais de saúde no puerpério

·        Procurar ajuda psicológica

·        Alimentação equilibrada

·        Exercício físico (adaptado à condição da grávida/puérpera)

·        Exercícios de relaxamento

 

A maternidade inaugura uma nova fase na vida da mulher, através de um novo papel, reorganizando a identidade feminina. Quando nasce um bebé, nasce também uma mãe. A relação mãe-bebé começa muito antes do parto, com o nascimento do bebé idealizado, na mente da mãe. A natureza e qualidade dessa relação vai depender da qualidade da saúde mental materna e do ambiente à sua volta. Quanto melhor a mãe se sentir, melhor será a qualidade dessa relação e mais saudável será o bebé.


Fazem-nos acreditar que ser mãe é um acontecimento intuitivo, que todas as mulheres nascem com o instinto maternal, que a gravidez é um estado de profundo encantamento e não há espaço para queixas, tristezas nem medos! Mas isso não é verdade! Ou, não é necessariamente verdade! Há mulheres que de facto vivem esta fase com enorme tranquilidade e felicidade, mas há outras que se deparam com enormes dificuldades ao longo da gravidez e no pós-parto! O mais importante é não generalizar. É preciso olhar para cada mulher e para cada gravidez de forma isolada e perceber se existem fatores de risco que possam contribuir para um problema de saúde mental, com o intuito de prevenir problemas mais graves, que possam pôr em causa a mãe, a relação da díade mãe-bebé e, consequentemente, a saúde mental e física do bebé.  

 
 
 

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Anabela Cunha

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